segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Ninguém me perguntou...



Curitiba, capital do Paraná, vai receber dois eventos importantes. Um se chama
COP 8 que significa 8ª Conferencia das Partes da Convenção da Biodiversidade e a MOP3 ou 3a.Meeting of the Parties (Reunião das Partes) do Protoccolo de Cartagena que estarão acontecendo 13 e 31 de março.

A duas reuniões são importantes porque discutem coisas sobre a segurança biológica do Planeta e da gente. Não irei pessoalmente entrar em detalhes sobre as reuniões técnicas. Para saber sobre
o que está em jogo de modo geral você pode ver o link sugerido na linha anterior. Prefiro falar sobre o que está acontecendo agorinha no mundo. O mundo é um lugar bem complicado.

Uma empresa canadense chamada
SemBioSys requereu do governo americano permissão para colocar gênes humanos em plantações inteiras de cevada. Os genes humanos na cevada serviriam para produzir insulina em um mundo onde a diabete está aumentando – isso é parte da propaganda da empresa. A idéia não foi bem aceita por muita gente inclusive agricultores. Até autoridades da FDA – Food and Drugs Administration – órgão federal que libera remédios nos EUA, - uma vez no mercado, ninguém controlaria a cevada “humanizada”.

A indústria biofarmacêutica já está bem avançada. Já existe salmão com genes humanos, porco com genes humanos, ratos, coelhos, ovelhas e outros animais e plantas com genes humanos. Os mutantes são produzidos para fins farmacêuticos – para que deles se tirem substâncias para remédios. Ou essa é a desculpa. Só a Inglaterra fabrica 60 mil mutantes por ano. Os animais e plantas “humanizados” crescem mais rápido. Mas tem problemas. Os porcos humanizados, por exemplo, estão nascendo cegos, deformados pela artrite e, mais importante: impotentes.

O que garante que plantas e animais mutantes não cheguem aos supermercados? É isso o que a COP8 e a MOP3 querem descobrir nesta reunião importante. Encontrei em viagens extensas pela internet que uma discussão muito grande no mundo, agora, é o neo-canibalismo. Ou canibalimso pós-moderno. A partir de que ponto consumir uma cenoura ou um salmão enriquecido com genes humanos passa a ser "canibalismo"? Até que ponto estaríamos comendo gente – e não no sentido dos Mamonas Assassinas que reclamavam “... e ainda não comi ninguém”.

Há várias organizações no mundo chamadas “observatórios” ou vigilantes ou “watch” em inglês. É o caso do
WorldWatch Institute que fica de olho no mundo ambiental, econômico e político, ou o Human Rights Watch que vigia a violação dos Direitos Humanos ou o Observatório da Imprensa, no Brasil. Desde o ano passado há uma organização chamada GeneWatch ou Observatório / Vigilantes do Gêne. A ONG trabalha pela transparência nesse ninho de rato lucrativo e genético. A Gene Watch em associação com o Greenpeace criaram uma lista mundial de acidentes ou incidentes envolvendo a contaminação por organismos geneticamente modificados. O Brasil está na lista com uma contaminação de sementes de soja e milho no Rio Grande Sul.


Não é à toa que quando o Ibama-Foz do Iguaçu diz que encontrou transgênicos ou plantações formadas por sementes geneticamente modificadas, no entorno do Parque Nacional do Iguaçu, a Monsanto (empresa fundada em 1900) responde questionando. O problema é que uma acusação de que há transgênicos perto de um parque é pepino e dos grossos. E se houver contaminação de espécies nativas ou selvagens do Parque?


Os casos de contaminação já são antigos. Zonas remotas do México onde ainda se tinha variedades nativas de milho resultaram contaminadas por meios que ninguém sabe qual são. A descoberta foi da Universidade da California em Berkeley. O problema da contaminação de plantas naturais já entra na área da segurança alimentar. Uma contaminação fatal pode acabar com o estoque de alguma colheita, do mesmo jeito que o anúncio da presença da "gripe da ave" leva ao abate de milhões de aves e à falência de muita gente.

Para lhe deixar mais tranquilo(a) gostaria de lembrar que há anos já há banana-vacina, cenoura com toucinho, tomate com maionese, vaca que produz leite humano, e já é possível bolar um anticoncepcional masculino ou feminino embutido nos alimentos para distribuição em massa via cesta básica. É só os governos darem a luz verde. O que atrapalha o progresso desse comércio são os padres, as igrejas, as ONGs, os ambientalistas, os grupos dos consumidores e outros "desocupados".


A lista da contaminação da GeneWatch / Greenpeace destaca 63 casos em 27 países. Entre os contaminados estavam alimentos, sementes, ração animal e plantas selvagens. Os Estados lideram o rank de acidentes – 11 casos. A variedade StarLink de milho contaminou plantações nos Estados Unnidos, Canadá, Coréia, Egito, Bolívia, Nicarágua e Japão. A distribuição ilegal de produtos GM aconteceram na Índia (algodão), Brasil (soja e algodão), China (arroz), Croácia (milho), Alemanha (mamão) e Tailândia (algodão e mamão).

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