segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Abraji desconfia de Prêmio Jabá de Jornalismo

Lavaram a minha alma. Se quiser saber por quê, abra o link que ofereço a abaixo. A ABRAJI - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo abriu uma discussão boa. Que conversa é essa de tantos prêmios de jornalismo? Nunca participei de nenhum. O dilema ético meu tem sido o de sempre: quem paga? Como eu, jornalista ambiental, por exemplo, posso escrever sobre meio-ambiente para participar de um prêmio financiado por um poluidor do meio ambiente? 

O artigo no Observatório se chama "Prêmio de Jornalismo não pode ser Jabá".Claro que protesto aqui contra o uso da palavra "jabá". Jabá é uma importante invenção de sobrevivência e eu gosto dela na forma de jabá, carne-de-sol, xarque, carne seca etc. 

Voltando a falar em jabá-prêmio ou prêmio-jabá, gostaria de dizer duas coisas - eu nunca venceria um concurso de jornalismo ambiental patrocinado pela Ford, Prêmio Blaser, Prêmio Boeing de Jornalismo Ambiental, por exempo (de novo). Já imaginou o Prêmio Pedodfilia contra a Exploração Sexual Infantil? Suponhamos que o prêmio fosse pago pela Associação Belga de Pedófilos (ABP)? O que eu escreveria? Hum... 

Claro que eu poderia começar dizendo que a palavra "pedofilia" está criminalizada. Ao pé da letra, pedofilia (ΠAIΔΟΦΙΛΙΑ, em grego, eu acho) significaria "amor por crianças". ΦΙΛΙΑ ou FILIA em grego é uma espécie de amor que não é erótico, nem pronográfico, nem fraternal. É puro. Seria filial? Obrigado ABRAJI!

Gripe da Ave



Danielle Nierenberg pesquisadora do Instituto WorldWatch em recente artigo para o jornal inglês The Guardian disse que a chegada da gripe asiática à Europa está espalhando muita ansiedade entre fazendeiros, granjeiros, legisladores, autoridades da saúde e até para o mercado. Todos temem que o virus mute para uma varieadede que possa atacar humanos. Se isso acontecer, disse ela, estariamos falando de uma pandemia mundial que, segundo o Banco Mundial, custaria US$ 800 bilhões por ano.

Mas o que quero destacar é: a gripe das aves é uma gripe velha. É uma velha conhecida. Por que a gripe estaria crescendo e escapando do controle justo agora que a humanidade tem mais recursos e está melhor equipada para lidar com o problema? A resposta de Danielle Nierenberg é irônica. A tecnologia agropecuária é uma grande facilitadora para o avanço de doenças. Nierenberg lembra que a criação de animais se metamorfoseou em um projeto industrial - é a agroindústria resposável pelo confinamento de grandes números de animais. "Onde quer que a agricultura, avicultura e pecuária industria se instalem, criam desastres ecológicos e de saúde pública", disse Nierenberg.
Até o Brasil já sofre o efeito da gripe das aves e isso sem que o virus tenha se aproximado de nossas avícolas. Quem está sofrendo são os produtores da monocultura da soja. Cairam as exportações brasileiras de farelo de soja - principal componente da ração das aves. A demanda de farelo caiu, porque o consumidor está com medo de comer carne de frango.

Ninguém me perguntou...



Curitiba, capital do Paraná, vai receber dois eventos importantes. Um se chama
COP 8 que significa 8ª Conferencia das Partes da Convenção da Biodiversidade e a MOP3 ou 3a.Meeting of the Parties (Reunião das Partes) do Protoccolo de Cartagena que estarão acontecendo 13 e 31 de março.

A duas reuniões são importantes porque discutem coisas sobre a segurança biológica do Planeta e da gente. Não irei pessoalmente entrar em detalhes sobre as reuniões técnicas. Para saber sobre
o que está em jogo de modo geral você pode ver o link sugerido na linha anterior. Prefiro falar sobre o que está acontecendo agorinha no mundo. O mundo é um lugar bem complicado.

Uma empresa canadense chamada
SemBioSys requereu do governo americano permissão para colocar gênes humanos em plantações inteiras de cevada. Os genes humanos na cevada serviriam para produzir insulina em um mundo onde a diabete está aumentando – isso é parte da propaganda da empresa. A idéia não foi bem aceita por muita gente inclusive agricultores. Até autoridades da FDA – Food and Drugs Administration – órgão federal que libera remédios nos EUA, - uma vez no mercado, ninguém controlaria a cevada “humanizada”.

A indústria biofarmacêutica já está bem avançada. Já existe salmão com genes humanos, porco com genes humanos, ratos, coelhos, ovelhas e outros animais e plantas com genes humanos. Os mutantes são produzidos para fins farmacêuticos – para que deles se tirem substâncias para remédios. Ou essa é a desculpa. Só a Inglaterra fabrica 60 mil mutantes por ano. Os animais e plantas “humanizados” crescem mais rápido. Mas tem problemas. Os porcos humanizados, por exemplo, estão nascendo cegos, deformados pela artrite e, mais importante: impotentes.

O que garante que plantas e animais mutantes não cheguem aos supermercados? É isso o que a COP8 e a MOP3 querem descobrir nesta reunião importante. Encontrei em viagens extensas pela internet que uma discussão muito grande no mundo, agora, é o neo-canibalismo. Ou canibalimso pós-moderno. A partir de que ponto consumir uma cenoura ou um salmão enriquecido com genes humanos passa a ser "canibalismo"? Até que ponto estaríamos comendo gente – e não no sentido dos Mamonas Assassinas que reclamavam “... e ainda não comi ninguém”.

Há várias organizações no mundo chamadas “observatórios” ou vigilantes ou “watch” em inglês. É o caso do
WorldWatch Institute que fica de olho no mundo ambiental, econômico e político, ou o Human Rights Watch que vigia a violação dos Direitos Humanos ou o Observatório da Imprensa, no Brasil. Desde o ano passado há uma organização chamada GeneWatch ou Observatório / Vigilantes do Gêne. A ONG trabalha pela transparência nesse ninho de rato lucrativo e genético. A Gene Watch em associação com o Greenpeace criaram uma lista mundial de acidentes ou incidentes envolvendo a contaminação por organismos geneticamente modificados. O Brasil está na lista com uma contaminação de sementes de soja e milho no Rio Grande Sul.


Não é à toa que quando o Ibama-Foz do Iguaçu diz que encontrou transgênicos ou plantações formadas por sementes geneticamente modificadas, no entorno do Parque Nacional do Iguaçu, a Monsanto (empresa fundada em 1900) responde questionando. O problema é que uma acusação de que há transgênicos perto de um parque é pepino e dos grossos. E se houver contaminação de espécies nativas ou selvagens do Parque?


Os casos de contaminação já são antigos. Zonas remotas do México onde ainda se tinha variedades nativas de milho resultaram contaminadas por meios que ninguém sabe qual são. A descoberta foi da Universidade da California em Berkeley. O problema da contaminação de plantas naturais já entra na área da segurança alimentar. Uma contaminação fatal pode acabar com o estoque de alguma colheita, do mesmo jeito que o anúncio da presença da "gripe da ave" leva ao abate de milhões de aves e à falência de muita gente.

Para lhe deixar mais tranquilo(a) gostaria de lembrar que há anos já há banana-vacina, cenoura com toucinho, tomate com maionese, vaca que produz leite humano, e já é possível bolar um anticoncepcional masculino ou feminino embutido nos alimentos para distribuição em massa via cesta básica. É só os governos darem a luz verde. O que atrapalha o progresso desse comércio são os padres, as igrejas, as ONGs, os ambientalistas, os grupos dos consumidores e outros "desocupados".


A lista da contaminação da GeneWatch / Greenpeace destaca 63 casos em 27 países. Entre os contaminados estavam alimentos, sementes, ração animal e plantas selvagens. Os Estados lideram o rank de acidentes – 11 casos. A variedade StarLink de milho contaminou plantações nos Estados Unnidos, Canadá, Coréia, Egito, Bolívia, Nicarágua e Japão. A distribuição ilegal de produtos GM aconteceram na Índia (algodão), Brasil (soja e algodão), China (arroz), Croácia (milho), Alemanha (mamão) e Tailândia (algodão e mamão).

domingo, fevereiro 26, 2006

Frase do ano


Afinal, uma história tão boa
não pode ser simplesmente mentira.
E jornalista não erra; é induzido ao engano.
Um barato de blog

Requião

O governador do Paraná Roberto Requião é assunto do Observatório da Imprensa. Motivo: a manipulação do governador no Canal da TV Paraná Educativa. O governador, conhecido como um dos maiores coiceiros do Brasil é agora reconhecido como intimidador e o Paraná como um estadozinho de imprensa oficialista. Link ao lado.

O jornalismo morreu?

Sou jornalista por amor. Adoro a profissão. Embora esteja eu um pouco desanimado. Todo mundo sabe que as grandes reportagens morreram. Especialmente no Brasil. Acabo de entrar no site da Mother Jones - uma revista independente sem fins lucrativos dos estados Unidos que me deixou com inveja. O número correspondente a março traz uma reportagem sobre os oceanos. A reportagem tem 12 páginas de 55 linhas com, em média, 4.080 caracteres. No Brasil já se diria que o leitor não tem tempo de ler.
A matéria é ótima. Lembrou-se do mar - essa fossa que o mundo esqueceu. Na versão on-line, os links abundam. Os oceanos, diz Julia Whitty, autora, não existem. Só há um oceano. Funcionam como um rio. As águas de todos os oceanos se comunicam. A água que passa agorinha na Costa do Canadá, voltará a ela em 1.200 anos.
O inglês do artigo é compacto. Não é fácil. E se você quiser vender um artigo para a revista? Pode, não há problema. Basta fazer o quie o editor quer. Ele quer reportagens investigativas que mostrem o que o governo ( dos EUA ou da China) quer esconder, os rolos das grandes empresas, a miopia científica, a fraude institucional e a hipocrisia. tem mais. Quer artigos provocadores do pensamento que desafiem a sabedoria convencional dos negócios do país.
Quem no Brasil enfrenta a miopia da ciência? Quem pode dizer que a ciência também sofre disso? Um cientista pago por empresas interessadas dizem isso ou aquilo e a palavra é inquestionável. No caso da ecologia por exemplo, as maiores fontes são empresas como Petrobrás, Itaipu, Furnas, Eletrobrás. Que ridículo!
Não estou defendendo um denuncismo aleatório. Defendo pesquisas. Investigações. Um inveja incrível - é o que eu sinto. A Mother Jones é um meio alternativo. Para sobreviver aceita doações de leitores, vende camisetas de algodão puro, aceita propaganda, tem loja on line. E lá está a revista, uma leitura obrigatória para gente consciente.
Que saudade do jornalismo investigativo. Os links que ofereço ao lado trazem idéias novas. São blogs, novas midias, projetos, entidades, exemplos, loucuras. Há de tudo.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Chip no Braço

Uma empresa de Ohio, Estados Unidos, anunciou que injetou dois chips em seus primeiros dois funcionários. Os chips foram fabricados pela VeriCorp Corporation. A Notícia recebeu umas poucas linhas no jornal inglês The Guardian. A empresa acredita que este é o primeiro caso de chips identificadores no corpo da pessoa.
O jornalista George Monbiot publicou em seu blog que o futuro chegou. A VeriCorpo quer que o chip seja utilizado em pacientes médicos, pessoas com problemas mentais, crianças, funcionários - em fim em quem quiser. Os minichips são injetados com a ajuda de uma anestésico local. Me parece cena do filme "A Ilha", mas não é não! Os chips são pequneos, duráveis e baratos: US$ 150.oo mas vai ficar mais barato.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Água pré-paga



Empresas multinacionais criaram um sistema eficiente para o fornecimento de água na Africa do Sul. É o cartão-pré-pago para água. Há vários chafaris instalados em áreas pobres. Cada cliente pode adquirir um cartão que tem um valor exato e pré-limitado. O cliente, uma vez em posse do cartão chega até a caixa de metal fechada - sem torneira - passa o cartão e espera que a água encha o vasilhame. Claro que é necessário ter crédito. Se não tiver mais crédito, a família fica sem água.O sistema funciona no mesmo modelo do teleofone celular sem assinatura - quer dizer se compra créditos, pré-pagos. Quando acaba, acaba.

domingo, fevereiro 19, 2006

Investigação

Feliz 2006! Esta são as primeiras notas que escrevo neste blog, este ano. Uma professora minha na UDC disse que o mercado de jornalismo em Foz do Iguaçu é "exigente" e que a partir de agora sá ficaria no mercado os bons. Ótimo! Eu assino embaixo. Mas advirto que também pode ser o contrário. Pode ser que haja mais "demanda" dos ruins. Ruins no sentido de serem os candidatos maleáveis e fáceis de engolir mentiras, aturar um chefe louco ou comprometido. Dito assim, anuncio que este blog meu se dedicará ao jornalismo investigativo. Até a próxima. Volto logo! Estão me chamando para almoçar